sábado, 12 de junho de 2010

Apenas bons devaneios.

"Minha cabeça dói e meus dedos já estão calejados”, eu disse, “mas ainda assim, escrevo, pois minha mente borbulha".
"Hoje não vou tentar articular nada. A arte não tem questão, vou deixar minha mão escrever mesmo que ela pese", disse Aurora, "esses meus pontos de tensão estão doendo. Escrevo, apago, paro, vírgula, ponto".
Uma noite movida a chocolate. Chocolate com recheio de amora. Delícia, não?
"Não. Delícia é saber que quando sair ao relento, poderá contar com aquele agasalho que tem o cheiro que você tanto ama. O cheiro do homem que tanto ama. Não um homem qualquer, mas o seu homem; aquele que vai te abraçar e dividir contigo o chocolate com recheio de amora", disse eu.
"Por que choras?", me perguntam.
"Porque quero, apenas. Porque sinto vontade. Assim como posso sentir vontade de sorrir. Afinal, quem precisa de um motivo concreto para colocar-se no estado de felicidade ou tristeza?", respondo.

-Estou indo dormir, um beijo.
-Durma, meu bem. Mas, reze para que acorde sonhando amanhã de manhã. Para que possa acreditar que tudo é uma grande verdade: os raios do sol, os pássaros a cantar, as nuvens, o azul do céu, a brisa macia. Pois, se tu acordas, passa a ser uma alma perdida do teu corpo, da tua carapaça. Se acordares, querida, do teu sonho profundo, do teu devaneio, que te mantém neste falso mundo, serás apenas mais uma alma; flutuarás no universo sem fim, sem sentimento, sem rumo, sem propósito.



(Apenas devaneios de uma madrugada fria).

Um comentário:

  1. E os sonhos acabam sempre, infelizmente.
    São pesadelos com pouca frequência, e sempre parecem durar demais os maus, e de menos os bons.
    Acho que o mais importante que eu posso desejar a seu sono, é que sonhe.
    Talvez durma mal, um sono picotado; talvez o travesseiro favorito tenha sumido, e não se sinta tão confortável; talvez você caia da cama.
    Mas se da noite tiver vindo um sonho... Já daí saiu algo que justifica aquilo que desejo.
    Uma boa noite.

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