sexta-feira, 9 de julho de 2010

É você que vem de longe, com suas pernas esguias, correndo ao meu encontro. Me abraça apertado, suspira junto ao meu pescoço e solta aquela risada gostosa que eu tanto adoro.
É você que beija os meus lábios incansavelmente e não me deixa ir embora no final do dia.
E é você a causa da minha insônia – passo noites inteiras pensando na nossa próxima tarde juntos, em que conversaremos aleatoriamente sobre como as folhas da árvore do outro lado da rua são verdinhas, como o canto dos pássaros é gostoso de ouvir, como MPB é bom, como eu te amo, como você me ama, como é agradável o cheiro de cabelo recém-lavado, como gostamos das nossas tardes aleatórias, como é bom saber que nos veremos novamente amanhã, e depois, e depois, e depois...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sim, já escrevi a outras mulheres antes.
Articulo bem as palavras a fim de suprir a necessidade feminina por romances, por palavras que de tão simples se tornam belas, por versos que desejam ser lidos e principalmente precisam ser; em tempos de trogloditas disfarçados de homens e monstros insensíveis camuflados em seus carrões e whiskys nas noitadas do assentimentalismo.
Nós homens vivemos questionando o fato das mulheres gostarem tanto de novela, de chorarem sempre no último capítulo, de exigirem silêncio mesmo na hora da abertura e outros tantos “detalhes” que julgamos fragilidade. É que pelo menos na tv, todos os dias, às 8 da noite, um gentil homem é cavalheiro, fino, educado e sabe fazer coisas simples como abrir a porta do carro ou ceder o paletó em noite de brisa fria. E como se não bastasse, sabe fazer também coisas mágicas como se atirar na frente de um carro para salvar o cachorrinho branco e frágil da mulher amada, consegue dizer poesias inteiras no silêncio de um olhar e consegue com um simples toque, tocar milhares simultaneamente, rompendo os limites das telas e invadindo milhões de lares. Trata-se de saber como pegar na mão e como, em uma dança, saber conduzir a dama por todo o salão de gala, o salão nobre do amor em potencial. Talvez por isso eu também goste tanto dos últimos capítulos.
Uma vez li uma crônica sobre pessoas responsáveis sentimentalmente: que têm consciência e responsabilidade para com o sentimento alheio, buscam na pureza da verdade toda ação em um relacionamento, tornando ínfimo o espaço para desilusões, mágoas, traições e vários outros sofrimentos que não existiriam se todos tivessem certo sentimentalismo sustentável, afinal "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas''.
E justamente por cativar e ser cativado é que as vidas não mais se independem, é a significância do seu sorriso que me da a vontade de te querer, é o saber que estás a minha espera que me faz cantarolar no chuveiro, a sua boca doce é que me faz beijar apaixonado, ao ponto de fechar os olhos e me enxergar por dentro em vários tons de felicidade e ao abrir e ver que estás me espiando com a carinha mais linda de todo o mundo-univérsitico-galaxial-marinho e azul é que me da a certeza de te dizer, com responsabilidade sentimental cativante e ao mesmo tempo totalmente cativado por você:
-Sim, já escrevi a outras mulheres antes, mas nunca amei a nenhuma delas como eu te amo, e silêncio que vai começar a novela.



(Para Alice que, sem dúvidas, sonha com alguem que lhe diga palavras tão bonitas e verdadeiras quanto essas)


Por Aurora Guimarães.