terça-feira, 22 de maio de 2012

Sonho. Juro que sonho.


Deixei minha sopa ali de canto, esfriando. Encaixei novamente os fones nos ouvidos. Voltei a escutar aquela música que me remete a ti.

Talvez nem te recordes mais, todavia a cantamos juntos, naquele dia. E elogiastes minha voz.
Senti um calor que vem de dentro pra fora e bem soube o quão rubras haveriam de estar minhas bochechas.
Permaneci calada, como costumo fazer quando fico sem graça.
Apenas continuei observando a luz atravessar a janela meio suja, e desenhar suavemente teus contornos em belos traços.
Lembro-me de dizeres, assim de relance, que ao ouvir aquela música, lembravas de mim.  
Achei engraçado. Afinal, muito antes disso, escuta-la já me remetia a cada cantinho teu – os que conheço, até então. - Como disse ali no começo.
Ri baixinho. Espiei de canto teus olhos concentrados. Senti uma vontade quase que incontrolável de abraçar-te.
Quase. Quase...
Sempre o "Senhor Quase".

Falando nisso, minha sopa já deve estar quase na temperatura perfeita.
Acho interessante observar a fumacinha branca e cheirosa subindo. Uma imagem um tanto quanto inspiradora e charmosa, na minha opinião.
É, tu bem sabes que meus níveis de normalidade não são lá muito altos... Ao contrário de meus níveis imaginativos.
Eu sonho acordada.
Um passarinho me contou que tu sonhas também.
Mas, afinal, quem não?

Presto atenção nos teus relances. Mais do que imaginas. Muito mais.
Por que é tão complicado certas coisas saírem como o não-planejado?
Não é fácil admitir, mas eu sinto ciúmes de ti.
Prometo que é um ciúmes bonito, ta?

Parece que quando eu desaprendo, tu me ensinas novamente.
Mesmo que não saibas.

Sonho bobamente com alguém me chamando de "Morena", e dizendo que "ta tudo bem". Juro que sonho.
Queria – quero! – poder ver esse alguém em ti.
E nós dois aconchegados um no outro, vendo aquele filme.
E cantando aquela nossa música. Que agora insisto em escutar freneticamente.

Ai, merda, minha sopa esfriou demais.

Enfim, tenho tido a certeza de que és tu esse alguém.


Não obstante, me pergunto: quem és tu?