quarta-feira, 14 de novembro de 2012

(Ir)racional.

Mesmo que sem intenção de ser, persiste ainda o existir.

Mesmo que o agora seja amanhã, ou depois,

claramente sempre é.

Por motivo singelo, inignorável e objetivo:

é pra ser.

Mesmo que haja o tardar - com dúvidas de assim melhor ser -, 

faz-se impossível impedir que seja.

Aquilo que sempre foi e sempre será - aquilo que é.


Abrandamento, teimosia: proteção?


Racionalmente certo.


Entretanto, irracional é também: alternância, oscilação.


Deixar falar o coração, 

ver no que dá: - deu em quê?: sempre houvera sido;
assim, portanto, há de ser.

E seja lá da forma que for,

ser-nos-á sempre o amor.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Morenice de jabuticabeira.

Acomodava-se, morenice de jabuticabeira
banhando-se aos feixes de luz:
Pendiam eles desiguais por seus ombros
como ramos primaveris em pleno desabrochar.

Erguia-se, então, em meia ponta de desejo
e, ouvido adentro, acomodava sussurro quente,
quase cantarolado:
“Chega de saudade”.
Sussurro do qual se fez vermelhidão abrasadora.

Da boca, fez-se gosto doce,
gosto doce de jabuticaba.
Dos braços, fez-se entrelaço,
entrelaço de aconchego.

“Chega de saudade”
repetia, como se deve ser, morenice de sempre farta jabuticabeira.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Do verbo "haver".

Há quem chegue de mansinho e cordialmente nos tatue sorrisos sem prévia permissão.
Sorrisos esses os mais lindos:
Espontâneos.

Há voz que nos ilumine manhãs.
Gestos que nos iluminem olhos.
Poesia que nos ilumine a vida.

Há quem nos cative inesperadamente.

Há quem assim seja.

Não obstante, há de ter sorte quem lhe encontra.
E ainda mais sorte, quem por esse se deixa encontrar.

Sabe, senhor, o ‘gostar’ não se explica assim facilmente.
E é a minha verdade: te gosto inexplicável.
Te gosto indescritível, inenarrável, inalcançável.

Tu que entoastes a mim lindo cântico, agora sou eu quem a ti entoa:

“[...]
Venha, vamos botar o pé no chão
S’embora que a vida é curta
O caminho é longo, meu irmão
[...]
Venha, vamos botar o pé no chão
S’embora que a vida é dura
O caminho é torto, meu irmão
[...]
Nessa terra, nesse céu
Quem é mais conhecedor?
Só o senhor é bacharel!

Somos a tripulação
Quem é mais navegador?
Só o senhor é capitão!”

Bárbara.

Tanto tempo e acontecidos - perdura ainda amizade.
Que tão bela amizade, faz-se sorrisos de renovação a cada abraço e estar junto.
Você sempre tão você . . .
Que tão você, faz-se sinceridade sem medo de diálogo e posterior plausível maturidade.
Desavenças nos arrebatam, para que depois tudo se conserte de maneira mais saudável.

Escrevo-lhe assim, tendo como pretexto o dia em que década e meia faz, então, parte de seu existir.
Não se esqueça, portanto, da permanência de minhas palavras.

É, perdurará sempre amizade . . .