quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Carta.


Centenas de quilômetros distante de você, 20 de setembro de 2012.

Queria falar-lhe pessoalmente tantas coisas...
Mas já que é, infelizmente, inviável, venho através desta, dizer algumas – outras eu guardo pra quando nos vermos mesmo. – Tranquila e informalmente.
Por que não, né?

Então tá.
Minha cabeça borbulha agora de forma tal, que eu nem sei por onde começar.
Sabe, uma amiga minha contou sobre o quão bom é escrever cartas em momentos como esse.
Realmente.
Eu curto sentir o papel e colecioná-lo selado, carimbado, rasurado.
Entretanto, agora quero rapidez. Pra não mais sofrer dessa agonia.
Digitar e depois mandar um link é mais simples. 
Fá-lo-ei, então, por mais que não seja tão bonito.
Todavia, física ou não, uma carta é sempre uma carta.
Melhor dizendo: geralmente cartas são pra se guardar.
Cartas não expiram.
Cartas não perecem.
Saiba, portanto, que esta será válida em qualquer momento e circunstância em que estejamos.
Qualquer momento e circunstância.

Ontem eu andei.
Andei pra cacete.
Andei por lugares por onde passamos. Meio perdidos.
Ouvi tanto "assim você mata o papai", "ai se eu te pego", entre outros, que até senti nojo.
Senti, sobretudo, ainda mais a sua falta.
Recebi inúmeros convites pra uma breja.
Passei reto.
Quieta.
Sempre pensando "Não, amigo. Queria isso ao lado de outra pessoa. À qual conheço muito bem, ao contrário de você."
Aliás, eu pensei.
E como pensei, hein?
Sentei só. E pensei.
Observei também.
Tanta gente passando e como seria legal um texto sobre isso.
Sobre como os seres humanos, são...
...Esquisitos.
Sobre como eu os adoro e os odeio.
Eu sempre acho que dá pra escrever sobre milhões de coisas que vivo, penso, observo.
E acabo não o fazendo.
Então, agora que o faço, deixemos de lado a minha personalidade às vezes tão paradoxal e complexa.

(Pen)sei que te conheço a ponto de saber que o seu silêncio é um sinal da quantidade de coisas que você tem a dizer.
Pela segunda vez.
Por favor:
Diga!
Não tenha medo. Não se prive. Não ache que vai fazer algo errado.
Apenas diga o que te incomoda.
Porque eu sei que tem alguma coisa.
E presumo saber, inclusive, do que se trata.
Se assim, de fato, for, eu hei de concordar com você.
Porque tenho consciência do quanto deprime o sarcasmo da distância e do tempo de agora.
Tenho consciência porque vivo.

Parece que a vida tá tirando com a nossa cara, de vez em quando, não é?
E é mesmo.
Mas, porra meu, tudo fica mais fácil se dermos um jeitinho de passar por cima das dificuldades. 
Se conversarmos. Se nos entendermos. – Alivia, não?
Lembrando-nos do quanto somos amigos e do que vivemos antes do agora.
Por isso não precisa ter medo de dizer.
Mesmo que saiba que vai me magoar, acredite: não magoa mais do que um silêncio agoniante.
Prefiro infindavelmente sofrer com o que foi dito, a não conseguir sorrir e pensar em outra coisa, diante do que não foi.
Aliás, sofrer é perfeitamente normal, cara.
Que egoísmo é esse, onde sofrem por mim, mas eu nunca sofro por ninguém?
Não tá certo isso não.
O sofrimento faz parte do nosso desenvolvimento psicofisiológico.
Faz parte da vida.
E a vida tira uma com a nossa cara, de vez em quando, não é?

Você já sabe, mas não tem problema repetir:
Não faço parte do convencional.
Apesar de extrema e incrivelmente sentimental, eu sou tranquila.
Sou paciente.
Eu espero.
Eu compreendo.
E se precisar de alguém pra te compreender, em qualquer que seja o caso, eu to aqui.
Se precisar de alguém pra criticar construtivamente, eu to aqui também.
Se precisar de alguém pra mandar o mundo se foder, idem. Porque isso é gostoso, às vezes. Principalmente se for com/por alguém.

Sempre te quis tão bem...
Ainda mais quando abstraí toda a vergonha que sentia.
Desde aquela vez, lembra? Em que desabei bêbada na sua cama.
Depois de capotar completamente alcoolizado na cama de um amigo, na primeira vez em que vai à casa dele, não há mais motivos pra ter vergonha, enfim.

Sei lá.
Eu podia ficar aqui por tanto tempo, escrevendo sobre tanta coisa...
Mas o mais importante é você se lembrar de que no sufoco ou no sossego, eu te mostro alguém a fim de te acompanhar.
Sempre.

P.S: Me desculpa.
P.S2: Tá. Não sei o porquê das desculpas. Mas como essa carta não tem data de validade, ficam elas aí, caso seja preciso – apesar d’eu esperar que não!
P.S3: To com saudade.
P.S4: A obviedade desse 'P.S3' torna-o completamente dispensável. Mas, ah, é sempre bom saber que tem alguém sentindo a nossa falta.
P.S5: Nhac.


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